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De casa cheia, Botafogo vence Nacional por 2 a 0 e vai às quartas de final da Libertadores

Os dois gols marcados com cinco minutos de partida são o melhor exemplo

Botafogo comemora vitória (Foto: O Globo)
Simbioses entre clube e torcida são artigo raro nos dias de hoje. É o que dizem os torcedores românticos, saudosos de um passado utópico em que todo jogo, por mais estratégico que se desenhasse, teria a carga anímica de uma partida decisiva de Libertadores. Pois o Botafogo mostrou, nesta quinta-feira, nos 2 a 0 sobre o Nacional-URU, que o refinamento tático do futebol moderno não exclui o peso da passionalidade torcedora. Foi o quinto campeão continental superado pelo time de Jair Ventura, que vai encarar mais um nas quartas de final: o Grêmio.

O impacto de uma torcida sempre depende muito de aspectos subjetivos. Tem quem goste de ouvir cantos a favor, outros se animam com xingamentos contrários e há quem prefira nem prestar atenção na arquibancada. Coincidência ou não, foi no seu jogo de melhor público no ano — mais de 40 mil estavam no Engenhão — que o Botafogo mostrou uma combinação de estado anímico e aplicação tática à beira da perfeição.

Os dois gols marcados com cinco minutos de partida são o melhor exemplo. Dizer que o movimento de Bruno Silva, saindo de trás da marcação para alcançar antes de todos uma cobrança de escanteio de João Paulo, explica-se apenas como um lance de bola parada treinado à exaustão é uma meia-verdade. Há, de fato, muito ensaio: basta reparar que, no minuto anterior, o mesmo João Paulo havia tentado a mesma cobrança aberta no miolo da área e levado perigo. Mas há algo mais no lance: existe ímpeto, uma disposição descomunal em subir o mais alto possível para golpear a bola com a testa. É um gol que transpira paixão.

E como explicar o gol de Rodrigo Pimpão, pouco depois, sem mencionar a raça, a crença de que não existe bola perdida? A tática, é verdade, mostra que pressionar a saída de bola adversária é eficiente, já que a bola pode ser recuperada a poucos metros do gol adversário. E foi o que fez o Botafogo, rapidamente ocupando o campo rival após um tiro de meta batido por Gatito Fernández. Obrigou o Nacional a recuar até que Rogel deu um passe fraco demais para o goleiro Conde. Só que o movimento de Pimpão não era meramente científico, mecânico. Estava ali um jogador que não queria apenas fazer número, mas acreditava piamente ser possível fazer algo diferente naquele lance aos cinco minutos.

Aquela era a analogia perfeita para a torcida do Botafogo, que lotou o Nilton Santos não só para testemunhar in loco o avanço às quartas de final, mas também imbuída do desejo de gritar, cantar e se fazer ouvida desde antes do apito inicial. Como se fosse, de fato, uma presença atuante e indissociável ao jogo.

VIOLÊNCIA URUGUAIA NO FIM

A partida desta quinta-feira também indicou algumas lições importantes para a sequência do Botafogo na Libertadores. Uma delas, talvez a principal, é saber há uma linha tênue entre sobra e excesso quando o assunto é empenho. Ligado em 220 volts, o Botafogo esbarrou em erros triviais, como faltas passíveis de cartão longe da própria área — Matheus Fernandes recebeu cartão amarelo em um lance assim — e uma saída atrapalhada de Gatito com os pés, quase na bandeira de escanteio.

Em desvantagem de três gols no placar agregado e sem organização ofensiva, o Nacional ensaiou traços de catimba e o Botafogo teve vontade de morder a isca, especialmente Carli, que andou trocando sopapos e empurrões com adversários. Mostrar paixão é importante, isso o time alvinegro já deixou claro. À medida que a competição se afunila, vêm adversários tecnicamente superiores ao Nacional, e que normalmente também apresentam domínio emocional. Virar refém das circunstâncias é um luxo que o Botafogo não pode se dar.

A exemplo do que fizera em Montevidéu ao abrir vantagem, o time de Jair Ventura recuou. Mesmo assim, só correu risco em um lance aéreo fortuito, aos 23 minutos do segundo tempo, quando Viúdez pegou a sobra na pequena área e Gatito cresceu para bloquear o chute.

Quanto mais o time uruguaio percebia a eliminação se cristalizando, mais espaços deu para contra-ataques. Nos minutos finais, o Nacional esqueceu de vez que estava em um jogo de futebol. Torcedores uruguaios passaram a quebrar cadeiras no setor de visitantes. Em campo, Polenta, Rodríguez e Aguirre foram expulsos por agressão. Victor Luís caiu na pilha, também levou vermelho e desfalca o Botafogo no jogo de ida das quartas de final.

FICHA DO JOGO: BOTAFOGO 2 X 0 NACIONAL-URU

Botafogo: Gatito, Luis Ricardo, Carli, Igor Rabello e Victor Luís; Lindoso, Matheus Fernandes (Dudu Cearense), João Paulo e Bruno Silva; Pimpão (Guilherme) e Roger (Gilson).

Nacional: Conde, Fucile (Barcia), Rogel, Polenta e Espino; Arismendi, González (Silveira) e Rodríguez; Viúdez, Aguirre e Fernández (Ramírez).

Gols: 1T: Bruno Silva aos 2m e Rodrigo Pimpão aos 5m

Juiz: Wilmar Roldán (Fifa-COL)

Cartões amarelos: Matheus Fernandes, João Paulo, Ramírez, Roger, Silveira, Dudu Cearense, Rodríguez, Arismendi.

Cartões vermelhos: Polenta, Victor Luís, Rodríguez, Aguirre.

Público pagante: 36.133

Renda: R$ 2.479.795,00

Local: Estádio Nilton Santos (Engenhão)

De O Globo
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