Enquete: 73% avaliam segurança na PB como ruim ou péssima
A situação da violência está tão complicada que até a Igreja Católica se manifestou sobre isso
Violência cresce na PB (Foto: Da Net) |
Imagine você sair para trabalhar e de repente virar refém de bandidos, na mira de armamento pesado, que a polícia nem sequer pensa em algum dia possuir. Imagine estar caminhando até o ponto de ônibus e ser abordado por alguém que exige que você entregue seu celular e, ao menor movimento seu, te dá um tiro ou uma facada. É com esse medo que a população paraibana tem convivido diariamente e, apesar do discurso otimista do governo, a população da Paraíba garante que não está se sentindo segura.
Esse sentimento foi reproduzido em uma enquete feita pelo Portal Correio, na qual 72,95% dos participantes classificaram a segurança do estado como ruim ou péssima. A consulta foi iniciada no último sábado (10) e se encerrou nesta sexta-feira (16). Disseram achar péssima, 53,44% e ruim, 19,51%. Na mesma enquete, 14,74% das pessoas classificaram a segurança como regular. Já 8,58% dos participantes avaliaram como boa e apenas 3,71% consideraram a situação da segurança paraibana como ótima.
Algumas pessoas que participaram da consulta também deixaram comentários na matéria expressando revolta e sentimento de insegurança que assola o estado. Como é o exemplo de Risvonelson, que disse que a segurança está em péssima situação. Outro que também criticou a situação foi o internauta que se identificou como Bruno. Ele classificou como péssima a situação da segurança paraibana.
“A segurança na Paraíba está péssima e a falta de efetivo policial nas polícias estaduais é o fator que mais contribui para essa situação. Não fossem os bravos policiais que, mesmo com os piores salários do país fazem um grande trabalho, estávamos literalmente mortos”, postou.
A voz da Igreja
A situação da violência está tão complicada que até a Igreja Católica se manifestou sobre isso. O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é ‘Fraternidade e Superação da Violência’, com o lema: ‘Vós sois todos irmãos’, em referência à passagem bíblica no livro de Mateus 23,8. O arcebispo da Paraíba, dom Manoel Delson, cobrou compromisso, inclusive dos gestores públicos, com o combate à violência.
“Precisamos rever nossa cultura da resposta violenta, da intolerância, substituindo por uma cultura do amor, da paz, do respeito às diferenças, seja de religião, de sexo, de cor. Precisamos respeitar a todos, porque todos somos irmãos em Cristo”, disse Dom Delson.
Sobre o combate à violência, Dom Delson disse que todos somos responsáveis. “Cada um tem que fazer o seu papel, desarmando os espíritos, preferindo as respostas de amor às respostar de ódio. E a convocação para que cada um faça a sua parte envolve também os gestores públicos, responsáveis pela promoção de políticas de combate e prevenção à violência. Todos precisam ser responsáveis, inclusive os gestores públicos”, cobrou.
Casos recentes
Não é de hoje que a população paraibana tem convivido diariamente com a insegurança. Inúmeros são os relatos de assaltos, roubos, explosões de banco, entre outros. Alguns desses aconteceram recentemente em Campina Grande. Em janeiro, bandidos destruíram um setor do Shopping Partage durante um roubo, fizeram reféns em plena rua e sem nenhuma pressa causaram um grande estrago.
Algumas pessoas que moram próximo do shopping fizeram imagens e compartilharam vídeos nas redes sociais. Em alguns deles, ouve-se a pergunta: “Cadê a polícia que não chega?”.
Uma das vítimas explicou como foi parte da ação dos bandidos. “Pediram para eu descer do carro. Disseram que não iam fazer nada, mas pediram para eu me afastar. Aí pegaram a chave do carro e levaram. Aí colocaram na transversal da rua e levaram o celular e eu não encontrei mais a chave, tive que pegar a reserva”, disse sem se identificar.
No mesmo mês, a cidade já havia sido alvo de outra ação ousada dos bandidos, que invadiram a agência da Caixa Econômica Federal localizada na Universidade Federal de Campina Grande. Uma das vítimas relatou como foi a ação, dizendo que os bandidos não queriam bolsas, mas o dinheiro do banco.
Mas Campina Grande não é a única ‘privilegiada’ com estas ações. Em junho de 2016, o bairro do Bessa, em João Pessoa, presenciou uma cena parecida vista no Partage Shopping. Bandidos fecharam a rua, fizeram reféns e chegaram a atirar em direção de vítimas enquanto destruíam uma agência da Caixa Econômica. A PM não apareceu no local.
Resposta das autoridades
O Portal Correio entrou em contato com o secretário de Segurança Pública, Cláudio Lima, que se recusou a comentar os números de imediato. Ele solicitou que fosse enviada para ele a enquete. A reportagem atendeu a solicitação, mas não recebeu retorno. Já o comandante geral da Polícia Militar evitou falar, alegando, através de sua assessoria, que, por conta da hierarquia, caberia ao secretário dar essa resposta.
As autoridades de segurança seguem em silêncio. Enquanto a população cobra respostas e soluções imediatadas para ataques, assaltos e assassinatos por motivos banais, autoridades de segurança se negam a falar e evitam a imprensa, com telefones desligados, ‘jogo do empurra’ ou questionando as formas de apuração dos jornalistas.
Especialista comenta
O especialista em segurança Deusimar Guedes também comentou os números da enquete. Segundo ele, a sensação de insegurança é tão prejudicial quanto a insegurança em si.
“A sensação de insegurança traz uma diminuição da qualidade de vida, tanto quanto a insegurança. Às vezes até a força policial consegue manter uma tranquilidade, resolver o caso, mas não traz esta sensação. Por isto que a gente diz que a sensação é tão importante quanto. Crimes contra patrimônio as vezes assusta mais até do que crimes contra a vida”, afirmou.
Ele lembra que a presença da polícia é imprescindível para mudar isso. “O maior crime é o homicídio, mas se morre várias pessoas em um presídio, por exemplo, não assusta tanto quanto um arrastão em um restaurante. Crime contra o patrimônio deixa a sensação que todo mundo está vulnerável àquilo. A presença ostensiva é importante para dar a sensação, mas tem que resolver os crimes. No Brasil, em menos de 10% dos homicídios, o assassino vai realmente para cadeia”, explicou.
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Do Portal Correio
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