Bolsonaro diz que apresentará ‘provas de fraude’ na eleição na ‘semana que vem’
Nesta segunda-feira (19), na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que não acredita mais na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna o voto impresso obrigatório
Presidente Bolsonaro (Foto: Reuters/Adriano Machado) |
“Eu espero na semana que vem apresentar as provas de fraudes. Vamos apresentar uma fraude de 2014”, disse o presidente. “Eu só consegui ser eleito porque tive muito voto. Eu vou comprovar semana que vem que teve fraude nas eleições de 2014. Vão vir hackers para mostrar”, completou.
A eleição presidencial de 2014 teve dois turnos. O segundo turno foi disputado pelos candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) – Dilma foi reeleita. À época, o PSDB chegou a pedir uma auditoria dos votos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não foi encontrada nenhuma evidência de que houve adulteração de programas, de votos ou mesmo qualquer indício de violação ao sigilo do voto no pleito.
À CNN, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) disse não haver indícios de fraude nas eleições presidenciais de 2014. Aécio afirmou ainda que os crimes em 2014 são de outra natureza daquelas que o Bolsonaro diz terem ocorrido.
“Não tenho nenhum indício que aponte para fraudes naquela eleição. Os crimes ali cometidos foram de outra ordem. Era sobre a utilização sem limites da máquina pública, as fake news, o disparo ilegal de ‘zaps’ dando conta de que, eu eleito, terminaria com todos os programas sociais do governo, a utilização da Caixa, Correios, Banco do Brasil”, disse o deputado.
Na entrevista à rádio Itatiaia, Bolsonaro voltou a falar sobre o voto impresso. “Pode morrer o voto impresso na comissão. É lamentável o que o ministro Barros está fazendo”, disse. Segundo o presidente, a apresentação das supostas fraudes nas eleições de 2014 também serão encaminhadas ao TSE.
“Eu vou convidar a imprensa e, com minhas mídias sociais, vou transmitir isso aí. Com isso tudo encaminho para o TSE. Agora, o que vale mais do que todos nos é a opinião pública”, disse.
Nesta segunda-feira (19), na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que não acredita mais na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna o voto impresso obrigatório. A comissão criada pela Câmara dos Deputados adiou a decisão para o dia 5 de agosto.
Ainda em junho, em entrevista à CNN, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o presidente tem o “dever cívico” de apresentar as provas que diz ter sobre a suposta fraude das eleições – à época, Bolsonaro falava em fraudes nas eleições de 2018. Segundo Barroso, nunca houve fraude eleitoral documentada com a urna eletrônica no Brasil.
Eleições de 2022 e polarização
Bolsonaro ainda falou sobre as eleições presidenciais do próximo ano e criticou as articulações por uma chamada “terceira via”. Ele também não cravou que será candidato à reeleição em 2022.
“Não estou dizendo que sou candidato. Essa terceira via? O povo não engole isso, não vai atrair a simpatia da população. O Brasil está eu (sic) e o ex-presidiário.”
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha no início deste mês indicava que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em um eventual segundo turno, com 58% dos votos contra 31%, respectivamente.
Nas perspectivas de primeiro turno, Lula tem 46% das intenções de voto, sendo seguido por Bolsonaro (25%), Ciro Gomes (8%), João Doria (5%) e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (4%), segundo o Datafolha. Optaram por branco e nulo 10% dos entrevistados, enquanto 2% afirmaram ainda não saber em quem votar.
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