Após falar sobre abuso que sofreu de ginecologista, jovem inspira prima a denunciar mesmo médico
Polícia Civil montou força-tarefa para atender mulheres que relataram abusos; já foram ouvidas cerca de 50 pacientes. Profissional está preso preventivamente e nega os crimes
Kethlen Carneiro tem 20 anos (Foto: Arquivo Pessoal) |
O profissional foi preso na quarta-feira (29) e está detido em cela especial após passar por audiência de custódia em Anápolis, a 55 km de Goiânia. A defesa dele afirma que o cliente não cometeu nenhum dos crimes.
Durante uma conversa ainda em 2020, Kethlen contou à prima sobre a consulta que teve com o médico aos 12 anos e como ele havia agido. Na ocasião, a parente compartilhou que, naquele ano, tinha passado por uma situação muito parecida com o mesmo médico.
“Em algum momento a gente chegou nesse assunto, eu falei para ela [que havia sofrido o abuso] e ela falou: ‘Também fui a esse ginecologista e aconteceu isso comigo’”, recordou Kethlen.
Segundo ela, nenhuma das duas conseguiu denunciar à época, mas tudo mudou depois que a Polícia Civil prendeu o ginecologista com base nos relatos de outras mulheres que também se sentiram abusadas. Kethlen criou coragem para falar sobre a situação e acabou inspirando a prima.
“Ela foi ontem [sexta-feira] à Polícia Civil. No nosso caso foi uma coincidência sermos da mesma família, nem foi indicação. Todo mundo da família está muito revoltado, muito chocado”, comentou.
Em seu depoimento, Kethlen contou que o médico mostrou material pornográfico e até fez com que ela o tocasse.
“Ele veio me falar que eu podia começar a me masturbar. Me mostrou histórias em quadrinho pornô e vídeos. Me mandando os links e quais eu podia assistir. Depois levantou, pegou minha mão e colocou nele, na parte íntima dele", contou.
Kethlen foi a única denunciante do caso que se identificou e, com isso, acabou se tornando referência para outras mulheres. Ela contou que muitas pessoas a procuraram para agradecer e parabenizar pela coragem.
“Muitas meninas me procuraram, mandaram relatos que estavam com medo de denunciar. [...] Algumas vieram me contar que, mesmo sendo mais velhas, não souberam identificar que era um abuso. Acharam estranho, mas não sabiam", completou.
A jovem também comentou sobre a importância de denunciar. Segundo ela, apesar de ser difícil lembrar do que aconteceu, considera essencial que as pessoas que foram abusadas não deixem de falar sobre o caso.
“A proporção que tudo tomou é assustadora, mas fiquei feliz de poder ajudar algumas meninas a tomarem essa coragem. Sinto que a justiça está sendo feita”, concluiu.
Do g1 Goiás
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