OPINIÃO! Cronista conta a história do Treze de Otávio Paiva

O galo

Professor Percinaldo Toscano (Foto: Arquivo Pessoal)

“Nos campos de peladas de minha juventude, foi onde tudo começou por volta do ano de 1966. Ainda de pés no chão joguei no Bangu do goleiro Joca, no Vasco da Gama de Duclécio e no Cruzeiro de seu Zezinho da Carne.” A frase parece uma oração arrancada do peito e das emoções, do nosso homenageado, espalhadas pelos mais suaves ventos e sonhos.

Por morar na Rua Clemente Pereira, o primeiro time de futebol amador que o nosso homenageado jogou foi o Treze Futebol Clube, governado e protagonizado pelo inesquecível e emblemático Otávio Paiva. Quando ainda muito jovem, nosso craque juvenil não era convocado para jogar entre os experientes craques. Na equipe do Treze dos anos sessenta existiam muitos jogadores experientes, a exemplo de Jomar Firmino, Zezinho de Curimã, Benilde, Ivanildo Belizário, Caneleira, Roberto e Fernando de Fausto, Zuzú do Galeto, entre outros atletas.  Nesse time, o filho de Dona Nitinha e Sr. José Hermínio ainda sobrava na escalação protagonista. 

 Na perspectiva de formação de novos atletas, Otávio criou o Trezinho - uma espécie de escolinha para o futebol (...) - equipe juvenil criada para receber e formar novos atletas, onde jogou na companhia de Garibaldi, João Bandeira, Chiquinho, Toinho Casa Nova, Bira de Curimã além de outros amigos.

Devido às circunstâncias, nosso atleta transfere-se de residência, indo morar no Bairro Novo - no outro lado da cidade – nas imediações do campo da Macaíba, onde sempre ia olhar os meninos jogarem e aos poucos participando das “peladas” que antecediam os treinos do Vila Nova E.C., equipe amadora formada por sapateiros, liderada por Seu Iracy, assim como Otávio, um fascinado pela prática do futebol.

Aldo, outro sapateiro e atleta do Vila, deu uma de olheiro, informando a Iracy que o recém chegado sabia jogar bola e por isso poderia jogar na equipe superior. Foi assim que nosso louvado passou a jogar como titular, substituindo Neco Bugarí. 

Por volta de 1970, ano glorioso para nossa seleção canarinha, o senhor Reginaldo Claudino expressou sua vontade em ter o jovem atleta - de apenas 22 anos - jogando no Acadêmico F. C., fato que aconteceu por apenas um ano, retornando para a equipe da Macaíba (Vila Nova), no ano de 1971.

Tudo parecia predestinação, por convocação de Manoel Pirpirituba e Otávio Paiva, o menino de pés descalços retorna ao berço futebolístico da juventude, mais forte, experiente e cheio de vigor físico, desta vez para vestir a camisa alvinegra do Galo da Clemente Pereira e para a alegria do velho amigo Paiva. Foram anos de vitórias repletos de conquistas para o jovem atleta de 26 anos de idade, defendendo as cores trezeanas entre 1974 a 1978, onde foi tricampeão de futebol amador de sua terra Guarabira, nos anos de 75, 76 e 77, na companhia de Vando, João Bandeira, Hélio, Neném Moraes, Zezinho, Ido, Santiago e Damião Torquato.

Nos anos decorrentes, gozando de grande experiência e maturidade, jogou ainda pelo Flamengo de Carlinhos, onde foi campeão do torneio no início daquele ano (1979) e supervisor técnico ao lado de Manoel Pirpirituba em 1980. Na sequencia jogou na Portuguesa F. C. do distrito de Cachoeira dos Guedes, do micro empresário Cazuza. Mas já era hora de parar e num jogo festivo se despediu do futebol, jogando pelo Vila de Seu Iracy. Residia neste ato um gesto de gratidão.  

A morte de Otávio Paiva de Almeida em 1992 foi um fato triste para nosso futebol e para os trezeanos, que teve nele o único, o maior dos presidentes.

Enfermo, deixou para o amigo de todos os tempos um irrecusável apelo: - “Não deixe o Treze acabar” e assim o fez por alguns anos, o seu escudeiro, repassando posteriormente o comando trezeano para outros abnegados.

Hoje, Gilberto José de Souza, nosso homenageado, carinhosamente chamado por “Beba”, aposentado, vem ilustrar as mais belas páginas do futebol guarabirense, assim como Giva Godoi, Damião Torquato, Jomar Firmino, Hidelbrando, Terezão, Gilmário, Gil de Araújo e dezenas de outros atletas.  

Reunindo atletas, amigos e muitos simpatizantes do futebol, Beba celebra em forma de confraternização os grandes momentos do futebol amador da cidade, relembrando situações, alegrias e tristezas, ao passo que homenageia emblemáticos homens do esporte guarabirense.

Guarabira, 01 de janeiro de 2025.

Por Percinaldo Toscano (professor, cronista)

Em 01 de fevereiro de 2025